sábado, 30 de julho de 2011

Potrinho mamando

O leite da égua e a lactação
Não importa qual o programa nutricional adotado na propriedade, sempre se deve começar considerando o alimento produzido pela égua, o leite. O potro tem muito pouca imunidade contra doenças e infecções quando nasce. A transferência passiva de imunidade ocorre pelo colostro, o primeiro leite produzido pela égua.
O colostro geralmente é mais rico em proteínas, gorduras e diversos minerais do que o leite normal, mas sua característica mais importante é a concentração de anti-corpos necessários para fornecer ao potro uma imunidade temporária. O consumo de colostro precisa ocorrer nas primeiras 18 horas de vida, pois após isso o trato gastrointestinal do potro diminui em muito sua capacidade de absorção do mesmo. Mesmo que a absorção do colostro possa ocorrer até umas 36 horas pós-parto, a experiência prática mostra que se o potro não tiver recebido colostro nas primeiras 3 a 6 horas de vida, sua saúde pode estar comprometida. Após as primeiras 18 horas, deve-se lançar mão de outros métodos, tais como a infusão de plasma sangüíneo, para conferir certa imunidade ao potro.
A égua costuma ser boa produtora de leite, produção esta que corresponde à 3% de seu peso vivo por dia, no início da lactação. Dos 3 meses ao desmame, esta quantidade cai para 2% do seu peso vivo. Isto significa que um potro mamando em uma égua de 500 kg tem disponíveis por volta de 151 de leite no início da lactação, e 101 no final da mesma. O montante de leite produzido pela égua varia tanto pelo seu tamanho quanto pela sua ração. A composição aproximada do leite é a seguinte:
NUTRIENTES:
Proteína: 2–3%
Gordura: 1–3%
Energia bruta: 473 kcal/kg
MACROMINERAIS:Cálcio: 80–120 mg/100 ml
Fósforo: 45–90 mg/100 ml
Magnésio: 6–12 mg/100 ml
MICROMINERAIS:Cobre: 0,15–0,4
Selênio: 0,01–0,03 mg/kg
Zinco: 2–4 mg/kg
Ferro: 0,5–0,9 mg/kg
De modo geral, os requerimentos de nutrientes pelo potro são totalmente cobertos somente pelo leite durante os dois primeiros meses de vida, sem que o potro precise de suplementação. Entretanto, se a égua for visivelmente má produtora de leite, o potro deve ser encorajado a iniciar o consumo de ração para ajudar a suprir suas necessidades. Éguas com pouco leite podem facilmente ser identificadas, pela observação da condição de seus potros, que estarão bem mais magros que outros da mesma idade.
O pico de lactação da égua ocorre por volta da 5 a 7 semana, seguido por uma acentuada queda na produção entre a 12 e 13 semana, ou seja, por volta dos três meses. É neste ponto que precisamos considerar uma possível falta de fornecimento de nutrientes pela égua em relação à necessidade do potro para seu crescimento ótimo. Então é prudente considerar algum tipo de programa alimentar neste período.

Creep feeding
Por este termo, entende-se o fornecimento de alimento suplementar (ração concentrada) apenas ao potro, sem que a égua tenha acesso a esta ração. No passado, alguns criadores utilizaram esta técnica com livre escolha (o potro consumindo a quantidade que quisesse), com péssimos resultados. Como regra geral, o creep feeding não deve ser fornecido em quantidade maior do que 1,5% do peso vivo por dia. Outra maneira útil de expressar a quantidade permitida é fornecer diariamente ao potro 0,5 kg por cada mês de idade.

Alimentando o potro desmamado
Há uma tendência natural de queda no desempenho do potro no período pós-desmame; esta queda deve ser tão minimizada quanto possível. Um período de perda de peso ou diminuição do crescimento seguido por um grande crescimento compensatório tem sido apontado experimentalmente como causa de maior incidência do defeito de aprumos conhecido como deformidade flexural adquirida.
Essas são os níveis de nutrientes recomendados para concentrados fornecidos a cavalos em crescimento, desde o desmame até os 14 meses de idade, ou até os 18 meses se o volumoso for de baixa qualidade:

Proteína bruta: 16%
Cálcio: 0,9%
Fósforo:0,8%
Magnésio: 0,25%
Potássio: 0,7%
Cobre: 45 mg/kg
Zinco: 100 mg/kg
Selênio: 0,3 mg/kg
Vitamina A: 11.000 U.I./kg
Vitamina D: 1.000 U.I./kg
Vitamina E: 80 U.I./kg

Veja estas diretrizes para alimentar o desmamado com segurança, enquanto é maximizado o potencial genético para crescimento e performance:
  • Minimizar a queda no crescimento pós-desmame
  • Fornecer um máximo de 1,5% p.v. em grãos
  • Permitir consumo liberal de forragem de boa qualidade (feno e pasto)
  • Assegurar-se de que o consumo total de cálcio seja maior do que o de fósforo
  • Monitorar cuidadosamente a taxa de crescimento para evitar crescimento vertiginoso, o qual pode levar a deformidades e deficiências de aprumos
  • Permitir bastante exercício voluntário (solto em piquetes amplos, em companhia), essencial para o desenvolvimento de um futuro atleta.
Alimentando o potro de sodreano
Assumindo que até agora o potro tenha sido alimentado corretamente, a curva de crescimento deve decrescer. Essencialmente, se o animal passou os 12 primeiros meses sem apresentar problemas ósseos, a maioria das complicações mais sérias já foi evitada. Em termos de prioridade de crescimento, o osso tem a primeira, o músculo a segunda, e gordura a terceira prioridade. Um dos grandes desafios da alimentação de potros entre um e dois anos de idade é assegurar que o crescimento do tecido esquelético e muscular continue, evitando um excesso de deposição de gordura. A única maneira de fazer isso é permitir um adequado consumo de proteína e minerais, evitando excessos de energia.
O requerimento total de proteína para o potro de sobreano é de apenas 12,5%; os melhores resultados são obtidos fornecendo-se um concentrado com 15% de proteína, 0,85% de cálcio e 0,75% de fósforo até os 13 meses. Até os 15 meses, o potro pode passar a uma ração entre 13 e 14% de proteína e níveis menores de cálcio e fósforo – 0,75 e 0,65% respectivamente. Estes níveis podem ser mantidos até o início do treinamento.
A quantidade total de ração que o potro deve receber depende de crescimento, condição e maturidade individuais do animal em questão. Como regra geral, deve-se atingir os requerimentos de energia do animal com quantidade de ração entre 0,75 e 1,5% do peso vivo por dia em forma de concentrado, mais forragem de alta qualidade.
Por exemplo, um potro de 14 meses e 365 kg deverá estar recebendo uma ração com 14% de proteína, na quantidade entre 2,75 kg (0,75% p.v.) e 5,5 kg (1,5% p.v.), dependendo da cuidadosa avaliação do indivíduo, para assegurar que crescimento e composição do corpo estão de acordo com o planejamento. Os ajustes individuais devem ser feitos com base no crescimento de cada cavalo, maturidade, condição e objetivo relativo ao mercado desejado.
Muitas vezes, quando um profissional é consultado para observar animais jovens com problemas ósseos, descobre-se que eles foram alimentados com altas quantidades de grãos, sem o adequado consumo de cálcio. Neste caso, o ajuste de cálcio e fósforo eliminará o problema. Especialmente nos recém-desmamados, os níveis de cálcio na dieta devem exceder os de fósforo, e um fator crítico é assegurar que o fósforo esteja sempre presente nos níveis adequados. A preocupação com microminerais é justificada pelo seu envolvimento na formação óssea, e como com qualquer nutriente, o fornecimento ao acaso é perigoso. 

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